Querido blog, 
Será que ele sabe? Será que ele sabe o quanto me custa permanecer aqui, sem o seu corpo quente? Que passo noites em claro a pensar no que poderíamos ter feito melhor? Será que ele sabe que não somos perfeitos, mas que juntos atingimos a perfeição? Será? Será que ele sabe que sou uma nuvem sem um céu? Ou uma tempestade sem vento? Ou talvez que, tudo o que eu faça, sinta ou até mesmo diga, se prende a ele? Será que ele sabe a falta que eu sinto dele? Será que ele sabe que me encontro analfabeta, inadequada, desleixada e vitima de palavras? Será que ele sabe que a minha boca sopra suspiros, que os meus olhos prendem lágrimas? Será que ele sabe o que amar significa? O que custa vê-lo partir com alguém sem ser comigo? Será que ele sabe que eu preciso dele para viver? Ou o vazio que sinto se ele não estiver aqui? Será que ele sabe que quero que ele seja a última pessoa a tocar-me nos lábios, antes da velhice tomar conta de mim, daqui a uns bons anos? Será que ele sabe o quanto me custa encarar o motivo que me levou a escrever isso? Será que ele tomou conta de tudo o que lhe passou ao lado? Saberá ele da existência destas cartas que, apesar de serem dirigidas a ti, meu blog, serem todas (in)directamente para ele? Saberá ele sabe que em todos estes dias que vão passando tenho cantado para ele, sozinha e no pensamento? Saberá ele que ele soa para mim como as teclas do piano, suaves e irresistíveis? E o que perdeu? Ele terá noção da quantidade de amor que deitou fora, sem sequer ver a validade? E as etiquetas, todas as que me meteu? Postais? Tudo aquilo que foi dito, não passou de mentiras? Confiei nele, será que ele sabe isso? Que todas as decisões que eu tomo se baseiam nele e só nele? Será que ele sabe todo o rancor, raiva, ignorância e fúria que lhe guardo? E o amor? Sim, aquele que vale por qualquer sentimento.. Será que ele sabe que o amo mais do que às flores do prado mais belo, mais do que milhares e milhares de euros, carinhos e afectos de outros corpos sem ser o dele? Será que ele sabe no quão melodramática me tornei? As saudades que tenho dele? A quantidade de lágrimas que, diariamente, me escorrem pela cara? Será que ele sabe que, tragicamente, me apaixonei como jamais me tinha apaixonado? A intensidade com que eu senti cada momento? A importância que todos os pequenos pormenores tiveram para mim? Será que ele sabe que é um fraco? Que não me merece? Será que ele sabe que, apesar de todas as suas infantilidades, eu estaria capaz de largar tudo só para o puder voltar a ter comigo? Será que ele sabe a vontade que o tenho de beijar, acariciar, abraçar? Será que ele sabe que a minha voz, que ia ao encontro da sua, se cansou de gritar e, esperadamente, me deixou afónica e incapaz de o chamar mais? Será que ele sabe que não irei lutar por algo que não tem mais para oferecer? Será que ele sabe que, apesar de eu lhe dar um mundo, este nós não me consegue nem mesmo fazer voltar a soltar um sorriso? As voltas que a minha vida deu? O esforço que tive de fazer para voltar a conseguir viver sem alguém que fazia parte de mim? Que me transbordava? A quantidade de arrepios que me dão, sempre que eu acento os pés bem acentados na terra e percebo o quão gelado é esse teu coração que me aqueceu por tanto tempo? Será que ele sabe que eu não passo de um barco, um barco cujo leme está partido? Cujo farol que o orientava deixou de existir? O quanto perdida eu me encontro? Amo-o. Será que ele sabe, blog? Deixo-te hoje assim. Cheio de questões, cheio de mim.