Uma carta para ti, caro blog. #9

16:29:00


Querido blog,
Era a sua voz, de mãe, suave, que me sussurrava ao ouvido palavras de reconforto.  "Sê livre, tira partido de ti. Sorri. Chora. Grita. Chama por ele, mesmo que ele não te oiça. Mesmo estando fónica, chama e dá mais de ti. Faz soar alto as palavras, que nunca serão ouvidas. Fá-lo ver o que é amar, mesmo que ele seja cego. Fá-lo sentir a tua presença, mesmo que não estejas lá. Atraí-o com o teu cheiro, esteja ele a morrer de doença. Mas, se ele estiver em apuros, não o acudas. Ele também não o fez".
E, então, os meus olhos fecharam-se, a minha mente desligou-se. Os pensamentos, transformaram-se em sonhos, e é aí que começa o nosso conto de fadas...
"- Noite de lua cheia, e eu não penso no amanhã. Não penso nele, porque ele não me é nada. Ainda. Durante o sono, no céu, dá-se uma metamorfose.. A Lua, já não brilha mais do jeito que brilhava e agora, a sombra das árvore marca a relva florida mais acentuadamente.. Amanheceu. É hoje, o vigésimo quinto dia do mês. É hoje o dia em que a indiferença desaparece, e em que atracção se torna em algo mais intenso. Em que, coberta de inocência e inexperiência, tragicamente me apaixono... E então, aquele nada que ele era, transforma-se em tudo.. O que ainda é.
  Os dias foram passados, enrolados nos meses. Meses que pareciam anos, mas que demoraram segundos. Foram curtas horas e minutos. Foi tempo, que eu gostava que tivesse parado. Em facto, de cada vez que o ponteiro dos segundos se mexia, o que eu sentia por ti ia crescendo... Fazias-me bem. Os teus beijos, doces beijos. O teu toque, carinhoso toque. O teu jeito perverso de ser. Apaixonei-me pela tua personalidade. E a verdade é que, quando uma pessoa se apaixona pela personalidade de outra, tudo naquela pessoa passa a ser bonito... Fiz algo que desejava não ter feito, sem cair no arrependimento. Entreguei-me de mais a ti, dei de mais de mim. Mais do que alguém já te deu, ou do que alguém pode dar. Mais do que tu deste, ou do que eu imaginava ter dado. Dei o meu corpo, coração, mente e alma. Dei mais de mim do que podia. Dei-te tudo em troca de nada. E, sem qualquer explicação, todo o meu Mundo se derrubou. Tudo o que tinha demorado tempos e tempos a construir, em menos de um dia estava destruído. Assim como por magia. Como se, o amor fosse mágico, mas não no bom sentido. E, então, isolei-me. Deixei de amar. E, ao som do piano, das melodias depressivas e melancólicas eu vou-me tornando em algo que não sou.. Vou-me tornando naquela sombra que marca a relva mais acentuadamente. Que é vista por todos, mas que ninguém vê. Que grita, mas em voz silenciosa. Que cheira a dor, a solidão.. Mas que é abafada pela cheiro doce e suave das flores que cobrem a relva.. Em que existe uma pequena árvore, com as letras 25 cravadas no tronco.. E com uma sombra, que por mais acentuada que seja, ninguém sabe que existe."
Entre as portadas das janelas, os fortes raios de sol iluminam-me a face nesta manhã de Verão. Acordo, de mais um sonho.. Ou pesadelo. E, apercebo-me que, na verdade, tinha passado toda a noite a recordar a nossa história. Senti então necessidade de a contar a ti, meu blog. E vim a correr. A verdade? É que nem todos os contos de fadas acabam bem.. O nosso foi um deles. E aqui permaneço, após 7 meses, a relembrá-lo.. A mim, a ele, a nós.
  O resto de um bom dia, meu amiguinho mudo. 
Um beijo, Inês Agostinho.

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