Acordar

11:00:00


Procuro-te no quente da cama. O calor da noite, esta que já lá vai, invade-me o quarto, mas pensar em ti arrepia-me a espinha, e a alma, e o ser. Não estás. O suor desliza-me, gota a gota, lentamente, pelo corpo. Estou em alvoroço, como os passarinhos que anunciam o nascer do dia lá fora. A cidade já corre, apressada por chegar a onde tem de ir. Os autocarros arrancam a todo o vapor, ouço-os do outro lado da minha velha, desgastada, janela branca. Foi um despertar atribulado. Senti a tua falta, durante esta noite quente de Verão. Agora... É hora de acordar e enfrentar o dia, traga ele quantas adversidades tiver de trazer. Corro para o telemóvel, tenho saudades da tua voz. Não sei onde estás, mas nunca soube tão bem onde queria que estivesses. Aqui, já estou mais calma. Perdida em sono e na escassa vontade de me erigir, fantasio com o acordar a teu lado. Ou o cochilar, lutando firmamente contra a imnsónia que é a vida. A mim não me importa o quê, só o quando e que, quando for, que seja contigo. Porque só te quero a meu lado, o resto constroi-se. Devaragarinho, começamos por moldar uma casa de papel. Mais tarde, reforçamos a parede com cartão. E, um dia, seremos embatíveis. Nós e a nossa casinha, outrora de papel. Porque juntos assim nos fizemos, assim nos criámos. E tão belo que é criar. Sai-nos da alma. Sim, aquela que ainda há momentos atrás me eriçava o pê-lo, de tanto que inundas o meu pensamento, de tanto que me enches o peito e aconchegas cada sorriso. Atendes. Trocamos breves palavras de amor, caricias distantes, que voam diretamente até mim e penetram o âmago de forma única e intensa. Agora sim, estou pronta para acordar. Puxo os lençois frescos de Verão e descubro o meu corpo. Começo então por, delicadamente, pousar o meu pequeno pé direito no chão de madeira aconchegante e rangente. O esquerdo acompanha-o logo de seguida. Ergo os braços e espreguiço-me, e que bem que sabe libertar-me de toda esta inércia e indolência. Bom dia!

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